Koya e Umami

Economia circular, recomércio e o futuro dos dados no e-commerce

22 de mai. de 2025

Se tem uma coisa que ficou clara no Web Summit Rio 2025 é que o e-commerce está passando por uma transformação profunda — e ela não começa com uma nova tecnologia ou com um novo canal de vendas. Ela começa com uma mudança de mentalidade.

O consumidor de hoje está mais atento, mais criterioso… e muito mais consciente. Em tempos de bolso apertado, faz cada vez mais sentido consertar em vez de trocar, comprar usado em vez de novo — e pensar duas vezes antes de descartar algo que ainda tem valor.

E o mercado está reagindo rápido.

Startups como Real Deal, Brinquedo Livre e Vaapt estão surgindo com propostas superinteressantes de recommerce — marketplaces especializados em produtos usados, de bolsas de luxo a brinquedos, passando até por sistemas de gestão. E essa onda não para por aí: a Fleequid, primeiro marketplace online focado na compra e venda de ônibus usados (!), acabou de levantar €3 milhões para expandir pela Europa.

Segundo a Forbes, marketplaces com foco na economia circular podem liderar uma nova fase de crescimento sustentável, com o mercado global de reuso e revenda estimado em US$ 650 bilhões até 2025 — quase o dobro do registrado em 2020.

Mas pra que essa transformação aconteça de verdade, tem um ponto essencial que muitas vezes passa despercebido: se o produto é usado, a informação precisa ser impecável.

Vender produtos usados exige mais contexto do que vender algo novo. Cada item é único, não existe estoque padronizado e, muitas vezes, nem mesmo uma ficha técnica. Ao mesmo tempo, os compradores querem — e precisam — saber exatamente o que estão levando: estado do item, histórico de uso, autenticidade, componentes inclusos... Sem essas respostas claras, a chance de desistência — ou devolução — cresce. E muito.

Um bom exemplo vem da SidelineSwap, marketplace americano de equipamentos esportivos, que aumentou significativamente sua conversão ao investir no enriquecimento dos dados dos produtos (a partir de informações públicas e análises de imagem) e também na melhoria dos filtros de busca com base nesses dados estruturados.

Esse movimento em direção a experiências mais completas e confiáveis foi tema de muitas conversas durante o Web Summit Rio. Em uma dessas trocas, Fabiola Santana, fundadora da Umami, e André Mendes, fundador da Koya AI, discutiram como suas empresas podem contribuir juntas para o varejo — especialmente neste segmento que cresce rápido e acompanha uma mudança cultural puxada pelas gerações Z e millennial.

No mesmo evento, Fabiola também conversou com Eduarda Robinson, fundadora da Real Deal, uma startup brasileira focada na intermediação e assessoria de compra e venda de itens de luxo seminovos. Eduarda compartilhou que a RealDeal está se transformando em um marketplace, com foco total na curadoria e certificação dos produtos — garantindo a veracidade e exclusividade de cada item. A ideia é manter um público seleto, onde o acesso à área de compras será feito apenas por indicação e aprovação prévia.

Essas iniciativas mostram que não se trata apenas de vender produtos usados — trata-se de entregar confiança. E nesse cenário, a inteligência artificial tem um papel fundamental: transformar dados brutos em experiências seguras e fluídas. Agregar informações de diversas fontes, normalizar atributos, enriquecer descrições com fotos e detalhes relevantes, e categorizar com precisão. Tudo isso é essencial para que o cliente possa filtrar, comparar e comprar com tranquilidade.

A economia circular veio pra ficar.
Ela é boa pro bolso, boa pro planeta — e, com os dados certos, muito boa para os negócios.